MEGALupa: Reportagem do Diário de Notícias sobre claques
No passado fim-de-semana recuperou-se uma imagem pouco edificante do negócio-futebol em Portugal: membros da claque Fúria Azul, afecta e apoiada pelo Belenenses, foram agredidos em Gondomar, após um jogo da Taça. A violência não está afastada dos estádios em Portugal e o problema ganha contornos mais negros quando se constata que o órgão que supervisiona o fenómeno está esvaziado de funções. Não funciona. O Conselho Nacional contra a Violência no Desporto (CNVD) reuniu-se pela última vez há um ano (22 de Fevereiro de 2006), as claques das equipas de futebol continuam a ser ilicitamente apoiadas pelas direcções de clubes e SAD. E sem os devidos castigos previstos na lei.
No mapa de grupos de apoio, o panorama é desoladoramente ilegal: apenas a Torcida Verde (Sporting) continua, tal como há um ano, devidamente inscrita no CNVD (mas à espera de reanálise para se actualizar) e são raros os casos, como o do FC Porto e do próprio Sporting, em que se suspenderam apoios até que essas situações estejam devidamente legalizadas. "Esperamos que as claques regularizem as suas situações [no CNVD] para assinar protocolos de apoio", explicou ao DN o FC Porto, que se prepara assim para retomar uma conturbada relação com os SuperDragões (o Colectivo Ultras 95 é o outro grupo de adeptos organizado do universo azul e branco). No Sporting, segundo informações disponíveis no Instituto do Desporto de Portugal (IDP), no seio do qual funciona o CNVD, foram "revogados" os protocolos de apoio às claques. Mas no Benfica, Diabos Vermelhos e No Name Boys continuam a utilizar um "armazém" (sala) no Estádio da Luz e a ter acesso a bilhetes mais baratos, conforme informou ontem o clube de Lisboa. Segundo a Lei 16/2004, de 11 de Maio, todos os clubes que apoiem grupos organizados de adeptos que não estejam devidamente inscritos no CNVD incorrem na pena de "impossibilidade de promover qualquer espectáculo desportivo" (artigo 18.º, ponto 8). Mas a inacção do CNVD impede uma maior fiscalização do fenómeno e levou até um dos seus membros, contactado pelo DN, a uma inevitável graçola: "Mas isso ainda existe?"
A piada decorre da inactividade do organismo que, por lei, deverá "promover e coordenar a adopção de medidas de combate às manifestações de violência associadas ao desporto, bem como avaliar a sua execução". Só que a última reunião do CNVD ocorreu a 22 de Fevereiro de 2006, na altura presidida pelo secretário de Estado da Juventude e Desporto, Laurentino Dias, e que teve como espectadores diversos clubes/SAD de futebol, na sequência de incidentes graves num Sporting--Benfica (Setembro de 2005), no Belenenses-Sporting (Janeiro de 2006) e em Gaia, onde foi agredido o então treinador do FC Porto, Co Adriaanse. Aliás, Laurentino Dias comprometeu-se a tomar medidas. O Governo prepara uma medida legislativa a adoptar brevemente", disse ao DN em Outubro de 2005.
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Versão original da reportagem DN sobre claques
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