Mundofone2: Granada 74 comprou o direito de jogar na 2ª Divisão espanhola
Na próxima época, a 2.ª Divisão espanhola (22 clubes) vai ter oito emblemas novos, incluindo o do Granada 74. Esta equipa não é uma das três despromovidas da 1.ª Divisão (como o Gimnàstic Tarragona, do português Makukula), nem uma das quatro que disputaram a 2.ª Divisão B em 2006/07 e conquistaram o direito a subir ao segundo escalão do futebol espanhol. O Granada 74 subiu de divisão, de facto - mas foi da Regional da Andaluzia para um dos 18 grupos da Tercera. Como é que ele surge, então, na 2.ª Divisão nacional? Carlos Marsá, patrão do Granada 74, não estava disposto a perder tempo e ofereceu um saco cheio de milhões - entre 18 a 20 milhões de euros, segundo a imprensa financeira espanhola - a Quique Pina, proprietário do Club Ciudad de Murcia, da 2.ª Divisão espanhola. Na prática, Marsá "comprou" um lugar no segundo escalão do futebol nacional. Este caso sem precedentes não deixa de ser perfeitamente legal. No Verão passado, a liga espanhola de futebol (LFP) introduziu uma série de regras com o objectivo de encorajar o investimento e encontrar uma solução para os clubes que vivem constantemente com a corda na garganta. De acordo com as novas normas da LFP, os clubes que tenham mudado de proprietário também poderão - à imagem das franchises do desporto profissional dos Estados Unidos - mudar de nome e de cidade. O patrão do Ciudad de Murcia, farto de enfrentar as contrariedades institucionais (a cidade não apoiava) e populares (o Real Murcia é o único clube da cidade com adeptos genuínos), não perdeu tempo. Pina decidiu vender os "direitos desportivos" do Ciudad de Murcia. Quem pagasse mais tomaria o lugar do clube na 2.ª Divisão. Não faltaram interessados. Durante as negociações mantidas com os diversos candidatos, nos últimos meses, ninguém sugeriu comprar e gerir de facto o Ciudad de Murcia. Quique Pina também não estava minimamente interessado nisso. As discussões foram francas e abertas: quem pagar mais, ganha o direito de disputar a 2.ª Divisão. Um dos interessados foi o Mérida UD, um "histórico" da Extremadura espanhola actualmente em processo de regeneração. Outro foi o Real Oviedo, da 2.ª Divisão B. O antigo clube de Abel Xavier e Paulo Bento ofereceu 14 milhões, mas o livro de cheques de Carlos Marsá acabou por falar mais alto. O Granada 74, desta forma, saltou por cima dos outros clubes da cidade - o Granada Atlético (3.ª Divisão) e o Granada CF (2.ª Divisão B) - e entrou directamente na divisão secundária nacional. Poucas horas após concretizar o negócio de compra da totalidade das acções do Ciudad de Murcia, Carlos Marsá fez exactamente aquilo que toda a gente pensava que ele iria fazer: adoptou uma nova denominação para o clube (Granada 74 Club de Fútbol SAD), mudou de cidade e perguntou aos antigos jogadores do Murcia se preferiam rescindir o contrato ou passar a jogar na equipa B do Granada 74. Não foi preciso mais do que um dia para fazer desaparecer o Ciudad de Murcia. Foi tudo embora- excepto o respectivo direito a jogar na 2.ª Divisão do futebol espanhol.
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Reportagem do Diário de Notícias acessível na versão original por aqui.
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