Legalite2: Sócio do Vitória diz em tribunal que em 2001 o clube só tinha o passe de três jogadores

O sócio do Vitória de Guimarães, Domingos Miranda, que apresentou queixa na PJ sobre o "saco azul" do clube, disse hoje em Tribunal que em 2001 o clube tinha apenas três jogadores contabilizados como seus.
Domingos Miranda afirmou que nas contas de 2001 reprovadas pelos sócios em Assembleia-Geral, a contabilidade referia que eram propriedade do Vitória os jogadores Tomic, Rogério Matias e Abel.
Quanto aos outros atletas - afirmou - "não foi possível saber a quem pertencia o seu passe".
O associado falava na qualidade de testemunha de acusação no processo que envolve o ex-presidente do clube Pimenta Machado e o ex-presidente do Benfica Vale e Azevedo.
Pimenta Machado está a ser julgado por quatro crimes de peculato e dois de falsificação de documentos, enquanto o ex-dirigente do Benfica Vale e Azevedo responde por dois de falsificação de documentos.
Domingos Miranda não pôde prosseguir o seu depoimento por o Colectivo de Juízes do tribunal ter suspendido o acto devido ao facto de o Ministério Público pretender questionar a testemunha sobre assuntos constantes das cópias de actas das reuniões de Direcção que Pedro Xavier - também testemunha no processo - tinha em sua posse e havia entregue ao Tribunal.
Em sessão anterior, o Tribunal suspendera o depoimento de Pedro Xavier pelo facto do advogado do Vitória não abdicar do prazo legal previsto para a análise de documentos que entregou, sem prejuízo da testemunha poder ser ouvida.
Esta posição não mereceu a concordância do advogado de Pimenta Machado, José António Barreiros, que sustentou que não fazia sentido questionar uma testemunha sobre factos suscitados por um documento em apreciação.
Por este motivo, tanto Pedro Xavier como Domingos Miranda vão regressar ao Tribunal dia 7 de Setembro.
Na sessão de hoje, o Colectivo ouviu também o jogador Fernando Meira, o qual afirmou que, para além das direcções do Vitória e Benfica, na sua transferência para o clube da Luz, apenas interveio a seu pedido, Paulo Brito, que já foi ouvido em audiência.
Fernando Meira negou a intervenção da Sportmédia, a empresa off-shore que receberia uma comissão de 90 mil contos, verba que está na base da acusação de peculato a Pimenta Machado.
O julgamento prossegue dia 19 para ouvir funcionários do banco onde a gestão de Pimenta Machado detinha uma conta que, alegadamente, permitia gerir o "saco azul" e também para ouvir esclarecimentos adicionais do ex-funcionário do Vitória, Paulo Antero.
O ex-contabilista Paulo Antero Sousa Pereira confirmou já, em Tribunal, a existência do "saco azul", alegadamente criado por Pimenta Machado para fugir ao fisco e à Segurança Social.