O Tribunal da Relação do Porto recusou retirar das mãos de uma juíza do Tribunal de Instrução Criminal do Porto um processo Apito Dourado que envolve Valentim Loureiro, o filho João e ainda o árbitro Jacinto Paixão, em redor do Boavista-Amadora, de 2003/04. A magistrada pediu escusa, por ser "enteada" de Pôncio Monteiro, antigo dirigente do F. C. Porto e amigo de Valentim, e daí poderem decorrer suspeitas sobre a sua imparcialidade.
"Mau seria que em situações desta natureza, o que não abonaria muito em prol da administração da justiça pretendida, que fossem logo criadas suspeitas sobre a imparcialidade da senhora juíza", responderam os juízes desembargadores.
"Ou seja, a sua presunção de imparcialidade adquire confirmação efectiva com esta completa ausência de relacionamento ou conhecimento pessoal dos arguidos em causa. Compreende-se que a senhora juíza tenha suscitado a questão, pois o mundo do futebol é um mundo não só de emoções e paixões mas actualmente também de muito mediatismo, de suspeição (fundada uma, infundada outra), que gera facilmente discussão na opinião pública, boatos, descrédito e desconfiança por parte daquela relativamente a quem dirige, a quem julga, aqui incluindo os tribunais. Mas os tribunais judiciais têm dado fortes provas em conviver e decidir no meio deste clima, com isenção e imparcialidade", sublinham. A própria juíza tinha apresentado o requerimento à cautela. "Atento o mediatismo do processo em causa, [pretendo] salvaguardar eventuais suspeições que possam recair [...]", escreveu.
As diligências de instrução estavam pendentes desta decisão, mas vão prosseguir. Valentim, João Loureiro, Pinto Correia, Júlio Mouco e Jacinto Paixão estão acusados de corrupção desportiva, activa e passiva.
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