SuperHonra2: O "day after" dos incidentes em Matosinhos

A Direcção do Vitória Sport Clube vem por este meio transcrever na integra a exposição enviada para a Liga Portuguesa de Futebol Profissional sobre os incidentes verificados após o jogo do passado fim-de-semana em Matosinhos frente ao Leixões SC. Transcrição da exposição:

Com o propósito de contribuir para que os esforços que as actuais estruturas dirigentes da Liga estão a desenvolver em defesa da disciplina nos jogos e seus espectadores, entende o Vitória Sport Clube ser oportuno dar conta dos incidentes que ocorreram após o encontro Leixões -Vitória da última jornada da II Liga.

1- No decurso do jogo e dentro do Estádio, ocorreram apenas algumas situações de confrontos verbais entre os adeptos dos dois clubes, como é infelizmente habitual. Esses confrontos não revestiram gravidade, limitando-se o seu saldo ao derrube uma rede de protecção do recinto, provocado exclusivamente pelo entusiasmo dos adeptos vitorianos na celebração dos golos e a deterioração de algumas cadeiras, que o Vitória se prontificou a pagar.

2- Sendo indiscutível que os adeptos do Leixões ultrapassavam largamente em número os do Vitória, conclui-se, sem dúvida, que não podiam ser estes a impor qualquer agressividade, como se comprova, aliás, pelo facto da polícia ter tido necessidade de controlar apenas, de forma enérgica, a claque do Leixões, tendo sido até necessário o recurso a uma brigada do corpo de intervenção.

3- Mais de uma hora após o final do jogo, e quando as viaturas que transportavam os adeptos Vitorianos fizeram o percurso de regresso, um elevado número de pessoas que só podiam ser afectas ao Leixões, apedrejaram indistintamente as viaturas que ali passavam. As mais atingidas foram, naturalmente, os autocarros de Guimarães, como abundantemente se comprova pelas fotos em anexo. Mas temos conhecimento que muitos particulares apresentaram queixas na polícia por danos sofridos.

4- As fotos que juntamos provam à sociedade a gravidade das agressões perpetradas que provocaram estragos materiais de vulto e infligiram ferimentos em diversos adeptos. E não se venha dizer que os adeptos do Leixões não têm a ver com o sucedido. Seriam os adeptos do Vitória que num acto de puro masoquismo se agrediram a eles mesmos?

5- A cobertura policial para garantia da integridade dos adeptos do Vitória, não foi a mais avisada ou eficiente. Existiam percursos alternativos à zona de auto-estrada, em cujos pontões há muito se sabe que se juntam os que atiram pedras e escondem as mãos e o rosto.

6- Situações destas não dignificam o futebol e cada vez mais afastam o público dos jogos. Por isso, julgamos que a Liga deveria reclamar das forças policiais uma mais cuidada e eficaz estratégia de segurança em situações como esta, para prevenir o vandalismo que em Matosinhos campeou à solta.

7- Finalmente informamos V.Exas que o Vitória vai apresentar queixa-crime contra incertos, visando identificar e punir quem submeteu centenas de pessoas a situações de verdadeiro terror. É isso que nos compete fazer em defesa dos nossos sócios e adeptos.

Leixões rejeita responsabilidades
O último Leixões-Guimarães, a contar para a oitava jornada da Liga de Honra, também foi jogado fora das quatro linhas. A rivalidade entre as duas massas associativas foi bem visível durante a partida, com constante troca de insultos, e alargou-se para fora do estádio, no final da partida. À saída dos autocarros que transportavam os adeptos do Vitória de Guimarães, rebentaram dois petardos, embora sem danos de maior. Há ainda relatos de incidentes verificados na via de acesso Matosinhos/Aeroporto (junto à rotunda da circunvalação) envolvendo adeptos vitorianos, algo que a Direcção do Guimarães já repudiou veemente.
Nos próximos dias, tudo indica que a SAD do Leixões reaja publicamente face ao sucedido, mas José Manuel Teixeira, gestor desportivo, sempre vai adiantando que "o Leixões não tem conhecimento de quaisquer incidentes".
"Dentro do estádio, não houve registo de confrontos físicos. Se aconteceu algo no exterior , já não nos diz respeito e, naturalmente, não temos qualquer responsabilidade. O que vi foi adeptos do Guimarães a arrancarem cadeiras da bancada onde se encontravam. Aliás, o presidente do Vitória pediu-nos desculpa pelo comportamento da sua claque", adiantou o dirigente.

Arriva, arriva
Os responsáveis da Arriva, empresa que transportou os sócios e adeptos do Guimarães a Matosinhos, estão indignados com os estragos provocados, alegadamente, por apoiantes do Leixões, na A28, durante o regresso à Cidade-Berço. Situação verificada depois do triunfo do Vitória no terreno do Leixões (2-0).
Segundo Carlos Costa, responsável pela área operacional da empresa em Guimarães, os estragos foram elevados e já foi apresentada queixa às autoridades "Dos quatro autocarros, todos ficaram com danos materiais e três deles não circularam hoje (ontem), embora não se saiba, ainda, os valores do prejuízo. O caso já foi entregue à Polícia Judiciária".
Incrédulo com o sucedido, Carlos Costa ficou admirado pela inexistência de feridos. "Pelos estragos que verificamos nas viaturas, até custa a acreditar como ninguém ficou ferido. No entanto, não compreendemos como é possível que, em plena auto-estrada, ninguém estivesse a controlar este tipo de situações", lamentou. Ontem, a Direcção do Vitória disse, em comunicado no site oficial, que, "se as forças da ordem tivessem optado por trajectos alternativos àqueles que foram escolhidos, poderia ter-se evitado o sucedido".