MEGALupa: As mentiras do Governo nas portagens para as SCUT
Mais de metade dos concelhos atravessados por uma das três auto-estradas de portagens virtuais, as SCUT, que passarão a ser portajadas, têm um índice de poder de compra inferior ao limite definido pelo Governo. As contas feitas pelo Executivo para decidir que estradas continuam gratuitas e quais passam a ser pagas partiram de uma média de todos os concelhos abrangidos, ponderada à população afectada.
A fórmula junta regiões ricas, como o Porto, com outras notoriamente pobres, como Lousada. O resultado final é uma média, que não tem em conta disparidades regionais. Mas vistos um a um, conclui-se que dos 20 concelhos atravessados pelas estradas, só sete têm um rendimento por pessoa acima do limite definido pelo Governo ao Porto e concelhos vizinhos soma-se Espinho e Aveiro.
É por isso que o critério escolhido por Mário Lino, para determinar quais das setes SCUT passariam a ser pagas pelos utentes, é contestado por empresários da região, que se dizem discriminados.
Empresários protestam
José Ribeiro, director executivo da Associação Empresarial de Paços de Ferreira, servida pela SCUT do Grande Porto, exemplifica "O Governo integrou Lousada e Paços de Ferreira na região do Grande Porto para calcular o rendimento per capita, quando os dois concelhos fazem parte de Tâmega". As contas "deviam ter sido feitas de outra maneira, os pressupostos estão errados", disse.
Mais a Norte, Joaquim Ribeiro, presidente da Associação Empresarial de Viana do Castelo, repetiu a pergunta. "Como é que o Governo conclui que temos um bom rendimento per capita? Caminha [que será excluída da obrigação de pagar portagem] tem um rendimento per capita de 79%. Nós temos de 81%. É uma diferença grande?", questiona.
E insistiu "Porque é que a Via do Infante não é portajada?", referindo-se ao facto de a SCUT algarvia ter sido isenta de pagamento porque a via alternativa demora 1,4 vezes mais tempo a ser percorrida que a auto-estrada sem custos, acima do limite de 1,3 vezes definido pelo Governo.
Joaquim Ribeiro também não consegue perceber qual é a via alternativa que o Governo garante demorar ainda menos tempo a percorrer do que a SCUT do Norte Litoral, que liga o Porto a Viana do Castelo, parando em Caminha (o Governo alegou o fraco nível económico da região a norte de Viana para a isentar de portagem).
"De Viana ao Porto são 70 quilómetros, quer se vá pela A28 (a SCUT) quer pela Estrada Nacional 13. Mas pela auto-estrada demora-se 25 minutos e pela nacional, cumprindo a velocidade máxima, não chego ao Porto em menos de duas horas e meia", garantiu.
O presidente da Associação de Viana garante não conseguir encontrar vias alternativas "credíveis" à SCUT . E atira "Este foi o Governo que, em campanha eleitoral, sempre defendeu que não era necessário pagar portagens nas SCUT".
Contabilizar custos
Os responsáveis associativos de Paços de Ferreira e Viana do Castelo não têm dúvidas quanto ao custo que as portagens representarão para as empresas e a Associação dos Industriais Metalúrgicos (AIMMAP, que tem um grande núcleo industrial na zona de Aveiro) está já a fazer as contas. "Estamos a contactar as empresas para avaliar o impacto real", afirmou o director-geral, Rafael Campos Pereira, convicto de que "haverá seguramente impacto" tanto que "não há alternativas viáveis".
A AIMMAP não vai ficar de braços cruzados e, numa primeira instância, protestará junto da Confederação da Indústria Portuguesa, a CIP, e também directamente junto do Governo. "Têm sido tomadas uma série de medidas que não nos permitem ser assim tão optimistas quanto à pujança da região. E, em muitos casos, um rendimento per capita alto não coincide com uma riqueza por pessoa alta", afirmou.
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