sexta-feira, setembro 15, 2006

MEGALupa: Camada de Ozono parou de diminuir

Dezassete anos decorridos do acordo internacional para reduzir os gases que destroem a camada de ozono, os resultados são positivos, já que os dados científicos indicam que o escudo protector da Terra parou de diminuir.
Depois da entrada em vigor do Protocolo de Montreal, o consumo mundial de CFC (o principal gás responsável pela destruição da camada do ozono, usado em frigoríficos e outros aparelhos de frio) caiu 10 vezes, segundo dados da ONU, possibilitando a estabilização da camada do ozono.
Diamantino Henriques, do Instituto de Meteorologia, afirmou à agência Lusa que "aparentemente" a camada de ozono parou de diminuir.
O meteorologista atribui esta melhoria àquele protocolo, que obrigou à substituição dos CFC nos aparelhos de frio por outros gases que, embora com outras consequências nefastas para o ambiente, não prejudicam a camada do ozono.
No entanto, adiantou, no pólo sul, mais concretamente na Antártida, a situação quanto ao buraco de ozono "não é muito clara".
"É prematuro dizer que o ozono está a recuperar, pois não é claro do ponto de vista estatístico", adiantou, lembrando que o máximo daquele buraco foi registado em 2002, há apenas quatro anos".
O que Diamantino Henriques diz não haver dúvidas é de que estão a diminuir as substâncias que prejudicam a camada de ozono, os CFC, devido ao cumprimento do protocolo que obrigou à sua redução gradual. "Espera-se uma recuperação nos próximos dez anos da camada de ozono, mas por enquanto só se pode falar em estabilização", adiantou.
O Instituto de Meteorologia começou a fazer medições de ozono em 1967 e em 1998 fez um estudo estatístico dessa monitorização, tendo concluído que, em cada dois anos, a camada de ozono diminuía cerca de três por cento.
"Estamos a preparar um novo estudo, que talvez arranque no final do próximo ano", anunciou.
Confirmando os dados do Instituto de Meteorologia, a NASA divulgou recentemente um estudo que indica que a camada de ozono está a normalizar devido às medidas para reduzir a emissão de CFC. A investigação baseou-se na análise de 25 anos de dados recolhidos em diferentes alturas da estratosfera.
Segundo Eun-Su Yank, do Instituto Tecnológico da Geórgia, a continuar o ritmo de recuperação da camada de ozono, esta poderia voltar aos níveis de 1980 em meados do século. Depois das campanhas internacionais e da mobilização para proteger a camada do ozono, muitos portugueses questionam-se certamente sobre os episódios de poluição que este gás provoca, todos os Verões, e que obrigam a divulgar alertas à população.
Na verdade, existe uma distinção entre o ozono "bom" que protege a camada superior da atmosfera (estratosfera) e o "mau" que se concentra na camada inferior (troposfera). O ozono "bom" forma um ecrã protector que absorve as radiações solares ultra-violetas nocivas para as moléculas orgânicas e que podem alterar o material genético.
Sem o protocolo de Montreal, as projecções da ONU indicam que os cancros de pele (melanomas) disparariam para 1,5 milhões de casos por ano, os restantes tumores para 19 milhões e mais de 130 milhões de pessoas teriam a visão afectada por cataratas. Mas existe também um ozono "mau", que se concentra na camada envolvente da terra (entre zero a 15 quilómetros), reage com outros gases e tem efeitos nefastos para a saúde e para a vegetação.
"O ozono causa oxidação, formando compostos reactivos que reagem com as moléculas e danificam as proteínas e as enzimas", disse João Vilhena, que lidera uma investigação em biomonitorização do ozono.
Para o ser humano, os efeitos negativos prendem-se essencialmente com a irritação das mucosas, a nível respiratório ou ocular. A União Europeia estabeleceu, por isso, um limiar de informação (para uma concentração de 180 microgramas/metro cúbico) e um de alerta (220 microgramas/metro cúbico) que definem, respectivamente, os valores acima dos quais a concentração de ozono na troposfera tem efeitos nocivos para a população mais sensível e para a população em geral. "Quando se verificam estes episódios de concentração de ozono, a população deve evitar sair à rua e fazer esforços físico", sublinhou o cientista.
O ozono troposférico é considerado um poluente secundário porque não é directamente produzido pela actividade humana. Este gás forma-se na presença de outros gases na atmosfera, entre os quais o monóxido de carbono (libertado pelos automóveis) e os óxidos de azoto (associados à indústria), com os quais reage em determinadas condições como as temperaturas elevadas, a radiação solar e o ar estagnado.
"Por isso, é que estes episódios de poluição são mais frequentes no Verão", explicou João Vilhena. "Estas massas surgem nas cidades, mas podem ser transportadas para zonas rurais e o ozono vai-se formando ao longo desse percurso", acrescentou. Daí que no Verão de 2005, a estação rural de Lamas d'Olo, na serra do Alvão, tenha batido todos os recordes europeus com uma concentração horária de 361 microgramas por metro cúbico.

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