terça-feira, maio 30, 2006

Sexão: Apetite sexual com origem genética

O que têm em comum o cantor Martinho da Vila (68 anos), o actor Clint Eastwood (76), o empresário de comunicação Hugh Heffner (80) e o escritor Urbano Tavares Rodrigues (83)? Além da idade avançada, todos têm provavelmente uma predisposição genética para o sexo, facto que os terá levado a relacionar-se com mulheres mais novas e alguns deles a ter filhos muito tarde.
Segundo um estudo desenvolvido por investigadores do departamento de Genética Humana da Universidade de Jerusalém, em Israel, o desejo sexual é, afinal, determinado por factores genéticos e não psicológicos, conclusão que vem deitar por terra a teoria de Sigmund Freud de que “a origem do desejo sexual é psíquica”.
As primeiras conclusões do estudo, publicadas no jornal israelita ‘Maariv’, sugerem que as perturbações do desejo sexual podem, no futuro, vir a ser tratadas por meios genéticos e não pela tradicional via psicológica.
Para José Carlos Garrucho, psicólogo clínico, especialista em psicologia do casal e da família, o estudo merece, no entanto, algumas reservas. “Freud explicou algumas coisas mas não explicou tudo”, começa por dizer. “A verdadeira leitura da dimensão humana deve ser feita a partir das componentes genética, psicológica e social. Qualquer estudo que procure resposta apenas numa destas componentes não tem qualquer sustentabilidade. Nós não somos só um ser físico nem psicológico nem social”. E exemplifica. “Se o apetite sexual tivesse apenas origem biológica, então o ser humano seria como os restantes mamíferos, sujeitos a períodos de cio. Obviamente, a dimensão da sensualidade e do próprio erotismo, por exemplo, têm a sua influência”.
De acordo com os investigadores israelitas, o gene que determina a líbido pode ser modificado tanto para aumentar como para reprimir o desejo. José Carlos Garrucho garante que também nada disto é novo. “Já se sabe que há componentes bioquímicas (hormonas) que organizam o nosso apetite sexual e que, se manifestam perturbações, têm de ser tratadas clinicamente e através de medicamentos”.

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